2007/05/22

Balzaquiana

Todas as manhãs, leio as mensagens eróticas do Público. É certo que as do Diário de Notícias e do Correio da Manhã, com grande oferta de travestis, são mais apelativas. Mas, enfim, sou de uma fidelidade canina ao Público. Habituei-me a ler as mensagens enquanto andava à procura de casa para alugar. Elas, as mensagens, estavam ali, mesmo ao lado dos apartamentos e escritórios para arrendar. Antes dos aborrecidos editais públicos dos tribunais. Leio-as à mesa do pequeno-almoço, no café, enquanto mordisco um pão com manteiga e uma meia de leite. De tailandesas a indianas, de brasileiras a africanas, de universitárias a executivas, de moreninhas de cara laroca a quarentonas de perna grossa, de éricas a natashas, de peludinhas a rapadinhas, de quase-quase-quase virgens a separadas, de mulheres sérias que procuram uma relação séria a gatas assanhadas, há lá de tudo um pouco. Porém, volta e meia, por entre o ambiente baço e ordinário, aparecem mensagens diferentes. No início desta semana apanhei uma de certa mulher balzaquiana que procurava cavalheiro distinto para relação séria. Havia uma solidão amargurada na mulher balzaquiana da mensagem do Público.