2007/06/12

Torel

Nunca entrei no Lux, nem na Capital (não escrevo com capas, por ser letra estranha à minha língua), nem na outra discoteca que fica ao lado, com nome estrangeiro, onde numa noite já distante, houve tiroteio, pum-pum, e mataram um segurança com corpo de camião tire. Também nunca entrei no Frágil. Nem na Bica do Sapato. Nunca entrei nestes sítios e, naturalmente, nunca entrarei. São lugares que desprezo na exacta proporção em que estes lugares, porventura se fossem gente, me desprezariam a mim. Em contrapartida, conheço os cantos e os detalhes da Igreja de São Domingos, conheço as sombras da Rua Passos Manuel, onde há frutarias e uma livraria e uma sex-shop, conheço o cheiro nauseabundo das casas de banho do Centro Comercial da Mouraria. Conheço também o jardim mais bonito da cidade, o jardim do Torel, lugar suspenso no tempo, onde vivem todos os bichinhos da conta de Lisboa.