Havia sempre flores frescas nas jarras. O quarto estava
limpo, arejado, perfumado. A cama feita com os meus lençóis preferidos. Na
fruteira, em lugar de destaque, para que a visse mal entrasse na cozinha, uma
papaia madura. Essas pequenas atenções da minha mãe amorteciam o desconsolo do
regresso, faziam-me esquecer a liberdade das férias, longe da disciplina do meu
pai e da preocupação excessiva da minha tia. Agora sou eu que preparo o
regresso dos meus filhos. A Madalena volta hoje do estágio, chega no comboio
das onze, frágil, bonita, com os dentes tão tortos. Passei a tarde a arranjar
tudo para que se sinta feliz por voltar a casa, a nossa casa: comprei ramos de
cravinas, obriguei o Joaquim a fazer um desenho colorido para embrulhar uma
tablete de chocolate salgado, há bacalhau com natas no forno, figos no
frigorífico, uma conchanata no congelador.