2007/12/06

Bola de espelhos

Descobri que a rainha de copas, para além de trabalhar no mesmo edifício que eu, é minha colega de ginásio. Está cada vez mais suína. Desconfio que já não fala. Só grunhe. Tem umas mamas imensas que fazem lembrar badalos, os pináculos gordos das basílicas moscovitas. Cada vez que salta, as mamas batem-lhe no queixo. O Adelino, esse, mudou de indumentária. Usa agora uns calções de licra muito justos e amarelos que evidenciam a fragilidade do seu corpo. As pernas e as axilas continuam impecavelmente depiladas. Como invejo o brio depilatório do Adelino! E o novo professor, que não é romeno, nem moldavo, nem ucraniano, tem um molar de ouro e um brilhante num canino. Cada vez que arreganha a boca, um brilho de pechisbeque ilumina o ginásio como uma bola de espelhos iluminando uma discoteca de província.

(Uma mulher quer concentrar-se nos agachamentos e não consegue.)