2014/07/13

Procissão

O anjinho de mãos papudas limpa o suor da testa. O outro, mais pequeno, chama pela mãe. As vizinhas debruçam-se nas varanda para ver a procissão passar. A fanfarra toca. Abnegada, servil, fria, segues em cima de um andor de madeira perfumada. Tens olhos mortiços, um sorriso cândido que mal se nota. Foste mãe sem chegares a ser mulher. És incrivelmente feia. Vejo-te passar e pergunto-me: como pôde o padre Mouret apaixonar-se por ti?