2009/12/04

Marcovaldo

Acho lamentável a importância que, na obra de Calvino, se dá ao Sr. Palomar. Um exagero. Só porque o homem é contemplativo. Observa as ondas. Encanta-se com o voo dos estorninhos. Divaga, se bem me lembro, sobre o modo como os queijos estão dispostos nas prateleiras de uma mercearia. A insuportável possibilidade de poder preocupar-se com o detalhe e o acessório. Prefiro, de longe, Marcovaldo, o operário que quer caçar galinholas com piche, fazer um guisado com o coelho contaminado de peste, tratar o reumatismo dos velhos do seu bairro com picadas de vespões.
E é tudo.