2011/03/25

Chacais

Ontem, a notícia de abertura do jornal das oito, era uma coisa muito tendenciosa, como acontece tantas vezes quando se fala do PSD. Apontavam-se as contradições do seu líder. O homem que, no seu livro, se insurgira contra o IVA, assegurando que não recorreria ao seu aumento, admitira em Bruxelas, em função da avaliação da situação financeira do país, aumentar tal imposto. Indesculpável. Bastou um dia, um diazinho, e começam os suspeitos do costume, os chacais, a cair em cima do Pedro Passos Coelho, apontando-lhe contradições, acudam, é um demónio, pior, muito pior do que o Sócrates, quiseram livrar-se de um homem tão bem apessoado, tão esforçado, queria salvar o país e não o deixaram, coitadinho. É pena que o entusiasmo que os jornalistas e comentadores agora usam para apontar as falhas, os erros, não se tenha notado, durante estes seis anos, para denunciar os sucessivos ardis, a falta de vergonha na cara, a mentira compulsiva, a manipulação descarada de informação, a total irresponsabilidade das promessas que se fizeram nas últimas eleições. Um governo de esquerda, mesmo sendo uma lástima, merece sempre a complacência dos chacais.

A tia Dé, querida comunista, que se deixou cativar pelo Sócrates, de máscara cirúrgica a tapar-lhe a boca, para não passar a constipação aos meus filhos, mal escutou a notícia do aumento do IVA, lançou-me um olhar furibundo, como quem diz, estás a ver a besta que o homem é. Eu também estou muito doente, tenho as vias respiratórias entupidas com muco, mal respiro, não corro há mais de uma semana, trago o corpo perro, cheio de ferrugem. Não consegui, por isso, arranjar uma discussão com a minha tia. Mas custa-me imenso vê-la cair na lábia dos chacais.