2009/02/06

Fanfarra

Também me acontece o contrário: imaginar uma voz para quem não a tem. Por exemplo, ao Luís Januário ponho-lhe a voz do Eduardo Barroso, o insuportável epicurista dos charutos e das feijoadas, o cirurgião que, com a sua voz de trombone, faz chocalhar os tímpanos de qualquer mortal. É escusado. Por mais que tente imaginá-lo com outra voz, uma coisa assim mais limpa, mais maviosa e cristalina, sai-lhe sempre da boca uma fanfarra, uma charanga cheia de cornetas e cornetões.