No último dia do ano, fui ao psiquiatra. Estupidamente, tão estupidamente, pediu-me um balanço de 2015. Respondi-lhe que foi um ano de viragem, não pelo livro, mas porque a cura da minha depressão se iniciou e voltei a sentir-me bonita. Sou bonita, sou muito bonita. Já não é mau. Eu sou da América do Sul/ Eu sei, vocês não vão saber/ Mas agora sou cowboy/Sou do ouro, eu sou vocês/ Sou do mundo, sou Minas Gerais. Depois, ainda mais estupidamente, pediu-me resoluções para 2016. Respondi-lhe que quero foder muito, escrever muito, voltar a Goa e aprender a falar francês. Também quero o João Pedro, mas isso não lhe disse. Quero amá-lo, senti-lo inteiro, em cima de mim, nem que seja nos intervalos da sua vida. Assumir este amor, obsessivo amor, envergonha-me. Minto ao meu psiquiatra.