Corro na margem de cá. Imagino na margem de lá, entre flamingos, pernas-longas, cegonhas, rãs, enguias, laibeques, fanecas e garças, a floresta de betão de que todos falam. Embelezada com lagos de ladrilhos azuis e caramanchões frescos, há-de ser um sítio limpo, ordenado, aprazível. As famílias passeiam a molenga dos domingos em lojas que vendem desperdícios e piquenicam hambúrgueres, pitas shoarma, pizas de carbonara e bocadinhos de sushi e sashimi. Ficam a arrotar o resto da tarde as minúcias da nova cozinha internacional. Voltam à cidade no final do dia. Vêm satisfeitos. Atravessam a ponte nos seus monovolumes de cor antracite que pagam com créditos pessoais