2010/10/24

PCP

O pcp, em cartazes que por aí andam espalhados, reclama ser a esquerda patriótica. Estranhei. As palavras, como as pessoas, também se catalogam, colam-se a realidades, têm um passado, uma história. Há palavras da direita e palavras da esquerda. Toda a gente sabe que a palavra pátria pertence à direita saudosista, nacionalista, aos salazaristas que levam coroas de crisântemos e gerberas a Santa Comba Dão. Nem o PP usa a palavra pátria nas suas campanhas.Qualquer pessoa associa a palavra pátria aos manuais escolares do antigo regime. É a nossa mãe protectora. Dócil, humilde, casta. É a pátria do império, dos heróis, dos santos, do povo obediente, da ordem, do senhor presidente do conselho e da governanta. Não há outra pátria. Que o pcp se assuma como esquerda patriótica (aquela que ama a pátria) é coisa bizarra. Sei que os entendidos explicam que o pcp sempre foi um partido patriótico, mas a utilização daquela expressão, apelando a um imaginário que, à primeira vista, é precisamente o oposto do do pcp, tem um propósito claro. A esquerda patriótica do pcp é como a fé debochada da Dilma Rousseff, a marioneta polida pelo Lula.Serve para conseguir votos, mesmo que seja à custa dos ideais que sempre defenderam.