2011/06/02

Último

Gosto do Damião, açoreano, pronúncia cerrada, não se percebe uma palavra, uma palavrinha sequer, agressivo, rosnando como um cão, sentado na alcatifa felpuda, a jogar ao stop, sempre agarrado ao busto do Vitorino Nemésio. Também gosto do Roberto Leal, meias pelo joelho, maravilhoso na sua filosofia de meia tigela e nas suas palavras de amparo. A Luciana Abreu também não está nada mal. O Último a Sair é dos programas mais divertidos da televisão e mostra como, para se ter graça, não é preciso andar a reboque do estilo gato fedorento. A televisão está cheia de humoristas novos e são quase sempre imitações ordinárias do Ricardo Araújo Pereira. Não há nada mais triste do que alguém querer ter piada e não a ter. Deus nosso senhor, infindável na sua glória, magnânimo na sua justiça, recompense o Bruno Nogueira, o João Quadros e o Frederico Pombares, criadores do programa, por nos fazerem rir numa altura em que, fossemos sérios, responsáveis, nórdicos, andaríamos de sobrolho carregado, aguardando, solenes, preocupados, dilacerados, o resultado de dia cinco.