2007/10/11

Anjuna

Viu passar-me no corredor. Disse-me qualquer coisa em mandarim. Depois em cantonês. Arregalou os olhos. Eu sorri. Exigi-lhe que traduzisse o que acabara de me dizer. Disse que não podia. Insisti. “Hoje está especialmente bonita. Se pudesse salvava-a desta cidade e fugia consigo para Goa, para a praia de Anjuna”. Eu dei uma gargalhada tolinha. Reparei, então, no Sr. Saraiva que, do biombo da secretaria, me espreitava as pernas. São infindáveis as maravilhas que uma saia travada preta e uns sapatos de salto alto clássicos fazem pela estima de uma mulher. Andei eu a fazer terapia durante um ano. Com o dinheiro que lá gastei podia ter comprado um guarda-roupa decente e resolvido o que em mim há a resolver.