2009/10/13

Oráculo

Anda muita gente preocupada com as sondagens. Que são falíveis. Que condicionam o voto. Que manipulam eleitores. Dou pouco atenção às sondagens. Interessam-me mais as previsões dos comentadores políticos. Os tarólogos observam as cartas e fazem mirabolantes previsões de ano novo: o Benfica campeão, a Elsa Raposo a entrar para um convento, o final do caso Casa Pia, o nível de vida dos portugueses a melhorar significativamente. Os entendidos da bola analisam tácticas e equipas e arriscam resultados de partidas. O professor Mambo olha os búzios e assegura futuros risonhos de fortuna, amor, saúde e, se necessário for, sexo satisfatório. Os comentadores políticos não são muito diferentes. São uma espécie de bruxos. Analisam a vida política e conseguem, por vezes, de forma extraordinária, prever resultados eleitorais com que mais ninguém sonha. Umas vezes, acertam. Outras vezes, não. Nuns casos e noutros, os comentadores políticos aparecem como uma raça de eleitos a quem o futuro foi revelado em selectos oráculos por insinuantes vestais de beleza impar. Não é para qualquer um.

(Contaram-me, mas ainda me custa a acreditar, que o Carlos Magno previu na Antena 1 a vitória da Elisa Ferreira no Porto.)