Li um livro da Iris Murdoch. Dava o corpo, vendia a alma ao diabo, cortava uma mão, assistia a vários programas de entrevistas da Bárbara Guimarães, rapava o cabelo, fazia o que fosse preciso, para escrever assim. Logo de seguida li um livro da Ana Teresa Pereira. Pensava que existia apenas uma Mafalda Ivo Cruz na literatura portuguesa. Afinal há duas. E calo-me, estrangulo os dedinhos, por consideração a quem aprecia escritores que gostam de descrever ambientes atafulhados de aprumo intelectual, onde se fode ao som das variações goldberg. Criada nos arrabaldes, reconheço, sou uma pobre criatura iletrada, boçal e suburbana. Os escritores assim dão-me náuseas. Prefiro, de longe, a MRP (nunca lhe li nenhum livro, mas prefiro.)