2015/06/22

Mãos

Todas as segundas-feiras, à hora do almoço, na quietude do gabinete, quando apenas se escuta o ronco do ar-condicionado e, ao longe, por vezes, os passos pesados da Rosalina, pego na tesoura do papel e corto as unhas bem curtas. Recolho as que caem na mesa e meto-as no caixote do lixo. Fico depois a admirar as minhas mãos de dedos curtos, grossos, unhas de menina, limpas, com pequenas manchas brancas, sem saber o que fazer a seguir. Às vezes, tiro um livro da mala e leio. Outras vezes, como hoje, fico simplesmente paralisada, a olhar o azul do céu. Gosto muito das minhas mãos. Com mãos tudo se faz e se desfaz.