2016/05/18

Marina

Voltei a encontrar Marina, a malabarista do semáforo da Avenida EUA. Mudou de poiso. Por isso não a vi durante meses. Pára agora num cruzamento perto do aeroporto. Acho-a diferente. Deixou crescer o cabelo. Cai-lhe, liso e preto, pelas costas. Engordou um pouco, mas o peso favorece-a. Voltou a ter formas, rabo redondinho, as mamas empinadas balouçam livres na camisola de alças. Já não usa o ridículo gorro vermelho. Qualquer coisa se alterou na rapariga dos malabares prateados. Não sei bem o quê. Já eu, no cruzamento perto do aeroporto, como no semáforo da Avenida EUA, continuo presa à beleza que, sem saber, Marina traz à minha vida. Quando ela avança de mão estendida entre os carros, segura, sinto uma estranha languidez, tenho vontade de lhe tocar.