2009/05/28

Campanha

Os jornalistas são semi-intelectuais, semi-educados, impreparados e partidários”, explicou há tempos, em entrevista ao Público, Daniel Dylan, investigador francês. Verdade tão pura. Bastaram dois ou três dias de campanha para perceber como é desonesta a cobertura que as televisões dela fazem. O PSD é tratado sempre em tom jocoso. Segundo os jornalistas, tudo se faz com esforço, sem empenho, a contragosto, como se os candidatos tivessem uma arma apontada à cabeça. O PCP é tratado como um bando de velhos caquécticos, uma espécie de espectros anacrónicos que se limita a balbuciar a conversa do costume. O CDS é reduzido ao paulinho das feiras, às velhotas de Ponte de Lima, de lenço na cabeça e bigode hirsuto, que se agarram aos candidatos com beijos babosos. Em contrapartida, o BE, claro está, é tratado como a terceira força, pujante de energia, vitalidade, capaz de surpreender na noite das eleições com um resultado histórico. Vivam as arruadas, os candidatos dançando, os trompetes e as pandeiretas! O PS, por sua vez, não obstante as limitações evidentes do seu cabeça de lista - a história do imposto europeu é apenas a cereja que faltava no bolo das propostas inesperadamente inconsistentes que tem feito - é tratado com a brandura do costume. A gente sabe que os jornalistas são, em regras, socialistas ou bloquistas. Está-lhes no sangue. Faz parte do seu código genético. Os jornalistas têm direito de ser o que muito bem quiserem. Não têm é o direito de nos tomar por parvos.