2012/01/17

Torrente

Não é costume, mas, ontem, senti uma torrencial vontade de insultar uma pessoa, dizer-lhe assim, muito calmamente, gozando cada palavra, vai-te foder, vai para o caralho, vai para a grande, escancarada, mal cheirosa e pustulenta puta que te pariu. Não o fiz porque, enfim, a minha esmerada educação o não permite e porque, conhecendo a mãe da dita pessoa, amável senhora, jamais seria capaz de a ofender. Andam agora os insultos a saracotear-me por dentro, a roçar-se nas paredes do esófago, em ricochetes violentos, já tenho três escaras e duas feridas vurmosas. Estou que não posso.