2007/06/04

Falópio

Não gosto de blogs de mães. As crianças largam um peido e as mães correm a partilhar isso com o mundo. Aparece um furúnculo na nalga esquerda do menino e toda a gente tem de ficar a saber da sua exacta consistência e coloração. Tudo descrito com muitos pontos de exclamação. Pior, muito pior, certas mães pespegam fotografias das crianças nos seus blogs. Algumas, a verdade tem de ser dita, são uns verdadeiros estafermos. São. Que a feiura não escolhe idades. As mães, em regra, são irritantemente felizes, ostentam um estúpido apego à maternidade como se isso lhes conferisse importância, estatuto, sentido de vida. Derramam por aqui e por ali uma alegria de pechisbeque. Tudo é maravilhoso e cor-de-rosa. Mães que se tomam por semi-deusas, leitoras furiosas do americano Brezelton, que nunca gritam, nunca magoam os filhos, que vivem a vida como se estivessem dentro de um anúncio publicitário de pensos higiénicos. Mandasse eu neste mundo e mandaria proceder a laqueações de trompas de falópio em massa. É certo que também escrevo, volta e meia, sobre os meus miúdos. Mas isso é porque ela é a estrela da tarde mais bonita do mundo e ele é o barão trepador mais giro do universo. Não há filhos que se comparem aos meus. Juro. Não percebo como é que a minha mediania, que tantas vezes roça a mediocridade, foi capaz de os fazer assim. É, pois, por piedade, por infinita magnanimidade, que partilho com a blogosfera as gracinhas da minha prole.