Encontrei o escritor na fila da mercearia no domingo em que voltei com os miúdos para o apartamento. Eu vinha em ruínas, o corpo cheio de culpa, a garganta estrangulada por muitos nós, como se a liberdade fosse pecado, uma ignomínia intolerável. Entretive-me a espreitar as compras do escritor: três laranjas, uma pasta de dentes, um pacote de massa fresca, uma lasagna congelada. Nesse dia, não sei por que razão, decidi passar a comprar o jornal também ao domingo.