2006/12/26

Libélulas

Quando estou em baixo, que não é o caso, para além dos comprimidos letais lembro-me do senhor-professor-doutor-poeta-não-surrealista-que-hoje-faz-anos, passeando, vagaroso, pelo bosque de árvores centenárias, onde vivem libélulas gigantes que meninos salvam dos lagos com pauzinhos e caninhas. Com a sua voz, um ribeiro de água transparente e fria, disse que eu, Ana Clara Costa Cássia Rebelo, sou uma mulher muito interessante e enigmática. Sinto-me logo melhor quando penso nisto. Até me esqueço do buço proeminente, da pele acneica e daquela questão sexual que me perturba. Mas não tem razão, o poeta. Sou interessante, é verdade, apesar disso resultar, em parte, da psicose de que padeço. Mas não sou enigmática. Nadinha.