2006/12/12

Varsóvia

Sonhei com Varsóvia. Um sonho de imagens e cheiros fortes. Não sou capaz de o contar, apesar de me lembrar de todos os detalhes e pormenores. Estou cansada. Triste, também. E não sei porquê. Que há em mim que me faça tão triste e só? Que bicho é este que hiberna dentro do meu corpo para, de tempos a tempos, despertar furioso? É um bicho mau. Abre chagas e sulcos. Espalha pedaços de desespero por todo o lado. Sou patética. Sei que o sou. Mas, enfim, hoje guardo Varsóvia, com rio e mar, e tinta vermelha escrita em papel de guardanapo, só para mim. A tinta, cor de sangue, ensopava-se no papel e distorcia as letras que, crescendo, pareciam fantasmas, árvores mortas. As minhas palavras tornavam-se ininteligíveis e eram sinal de loucura e alheamento.