2006/12/26

Serafim

O peixe está moribundo. Flutua no balão de vidro, com o papo muito inchado, as barbatanas murchinhas, os olhos remelgados, fixos no tecto. Parece um astronauta dentro de uma nave espacial. Flutua como se não houvesse gravidade, sempre de barriguinha para cima. Uma coisa estranhíssima. Por mim, há muito, que o teria deitado pela retrete abaixo. A Cristina, minha colega de gabinete, é que mo proibiu. Abriu-me muito os olhos e disse “ Ana, não te atrevas!” Gosto tanto da Cristina, mas desconfio que ela é contra a eutanásia. Pobre Serafim, vai penar até se finar.