A questão que se coloca é a de saber se os países do Ocidente, sob a perigosa capa da diversidade cultural, do respeito pela diferença, podem aceitar tais práticas, tais rituais. A liberdade religiosa, a liberdade cultural justifica tudo, até aquilo que é injustificável? Há um inegável confronto de ideias, de culturas, de civilizações. De um lado, temos a liberdade religiosa, a liberdade cultural. Do outro lado, temos os direitos fundamentais, património inalienável da humanidade. Perante este conflito, quem deve ceder? É obvio que tem de ceder a liberdade religiosa. Assim como a liberdade cultural só pode ser tolerada se não puser em causa os direitos fundamentais. Ora, as práticas acima descritas põem em causa, precisamente, os direitos fundamentais das mulheres. Obrigar uma mulher a usar um véu é o mesmo que aceitar que a uma mulher jovem se pode tirar num ritual macabro o seu clítoris, coser-lhe a vagina para gáudio do macho na primeira noite, que a rasgará como se rasga uma folha de papel. Obrigar uma mulher a usar um véu é a mesma coisa que aceitar que uma mulher pode ser apedrejada em público até à morte por adultério. E não digam que elas andam assim porque querem. Andam assim porque lhes é negado um direito fundamental, a liberdade. Andam assim porque foram educadas no pressuposto da sua indignidade, da sua infinita menoridade, porque, desde pequenas, lhes ensinam que são inferiores.