2007/11/26

Judite

O líder da JC acusou o Bernardino Soares de ser um dos principais protagonistas dos distúrbios revolucionários do Verão quente de 1975. Claro que o Pedro Moutinho, é o líder da JC, na altura de tais acontecimentos, ainda não era nascido. Era apenas um espermatozóide marreco, tortinho, coitadinho, que, anos mais tarde, conseguiu ganhar a corrida no acto sagrado da cópula. Nesse preciso instante seu pai terá tentado suster uma bufa mal cheirosa para não se embaraçar diante da fêmea se abria à sua frente como um fruto maduro. A bufa, em vez de ser expelida pelo olho do cu, soltou-se para dentro das entranhas e matou, de supetão, os espermatozóides concorrentes, os fangios que, serpenteando em espirais frenéticas, agonizaram aos molhos. Ficou apenas o espermatozóide marreco e tolinho e dele nasceu um promissor líder partidário. Adiante. Ora, o Bernardino Soares tem a minha idade. Se, com quatro anos, já era um perigoso revolucionário, também quero inventar para mim um qualquer passado revolucionário. O Verão Quente diz-me pouco, poucochinho. Podendo escolher, escolho uma coisa assim a modos que mais elevada, com um quê de sofisticação: quero ser uma escritora exilada, exímia na descrição da solidão dos que vivem no meio das multidões, casada com um professor comunista também ele exilado. E já agora posso ser gira, cheia de pinta e chamar-me Maria Judite de Carvalho.