2006/11/03

Imigrantes

Um relatório qualquer da OCDE, divulgado ontem, concluiu que o fluxo imigratório diminuiu forte e feio em Portugal nos últimos anos. É uma tristeza. Nem os imigrantes nos querem. Humilhação maior para um país é quase impossível. Quando nem sequer os imigrantes consideram um país como lugar de esperança é sinal de que esse país está moribundo. É já só uma carcaça podre que será debicada pelos abutres, vestidos de fato e gravata, e outras aves necrófilas. Uma das poucas saídas para Portugal é a imigração. Ter ao dispor gente que quer trabalhar é oportunidade que não se pode desperdiçar. É que os que cá estão preferem viver do subsídio de desemprego e de outros apoios idênticos que o estado social criou. Aliás, uma das razões para o sucesso da economia de Espanha consistiu precisamente mas vagas imigratórias que o país teve nos anos noventa e soube aproveitar. A imigração traz problemas. Traz mal-estar social, traz o confronto com o outro, tantas vezes difícil e truculento. Mas traz mais vantagens do que desvantagens. Não tenho quaisquer dúvidas sobre isso. Um país é tanto maior quanto maior for a sua abertura aos outros. Os EUA, quer se goste ou não (e eu gosto), continua a ser disso um exemplo maior. A nós, já ninguém quer. Nem os imigrantes. Estamos tramados.