2006/11/13

Sodoma

Resfolegando, entro no balneário. Lá está ela. Velha, para aí cinquenta anos, de cuecas e sutian, carnes flácidas, chinelo enfiado do pé, em frente ao espelho, a secar vagarosamente o cabelo. Usa um fio dental. Aliás, usa sempre umas cuecas fio dental enfiadas no rego do rabo. Hoje, para variar, as cuecas são pretas e têm uma coroa com brilhantezinhos à frente. A tipa está, de certa maneira, a coroar a sua própria vagina. Coisa linda. Odeio cuecas fio dental. Não percebo como é que há mulheres que as usam. O fio dental é a coisa mais ordinária que existe. Só as sopeiras, sejam elas de Massamá, da Cova da Moura, do Alto do Alagoal, ou dos lofts de Alcântara, é que usam fio dental. No balneário, no meu balneário, frequentado essencialmente por informáticas, juristas, economistas, gestoras de conta, administrativas, secretárias, bancárias em geral, são mais que às mães. Gordas, magras, velhas, novas, celulíticas, tudo exibe, num espectáculo de horripilante mau gosto, as nalgas, as nádegas, as bochechas do rabo. Andam naqueles preparos, de cá para lá, sentindo-se sexis, sensuais, boazonas, apetecíveis, preparadas, preparadíssimas para a qualquer momento serem tomadas de assalto e furiosamente fodidas. Tão parvinhas. Umas sodomitas frustradas. Credo.