Mal entrei a Rafaela, que colocou uma banda gástrica, e suspira amiúde, disse que adorava a cor da minha camisola. Adoro, doutora, adoro, adoro, adoro! Essa cor faz-me lembrar o Senhor dos Paços! disse efusiva. Ena, pensei eu, o Senhor dos Paços! Depois, do seu canto, cheio de vasos de violetas e cartões com ursinhos, florzinhas e outras coisas fofinhas, pestanejou, arremelgando-me uns olhos pintados de verde marinho. Não conhecesse eu a sua história, que mete uma filha de dez anos, infidelidades nortenhas, uma separação e uma reconciliação com um corno manso, e juraria que a Rafaela se estava a meter comigo. Só um bocadinho. Um bocadinho de nada. Pode meter-se à vontade. Não faz nada o meu tipo. É mastodôntica. Eu, se gostasse de mulheres, apreciá-las-ia pequeninas, assim como às sardinhas.