2006/11/08

Maria Eugénia (2)

Quando chegaram a casa tinha as pernas feridas como se tivesse sofrido leves queimaduras. O marido assustou-se e desde esse episódio condescendera àquela paixão doméstica de Maria Eugénia e passara a trazer-lhe, das suas viagens, tecidos caros. Maria Eugénia passava tardes a fio a costurar. Fazia a sua roupa e também a que os seus filhos usaram até à altura em que começaram a exigir vestir-se, com os restantes colegas de escola, nas lojas de pronto-a-vestir. Queriam calças levis e camisolas beneton, muito coloridas e garridas. Um homem, novo, entra na sala. Vem espavorido como se fugisse de alguma coisa ou de alguém. Pede-lhe desculpa pelo atraso e apresenta-se. O meu nome é Baltazar Abelha, e esboça-lhe um sorriso. Traz umas calças coçadas, muito velhas e gastas. Senta-se em frente de Maria Eugénia que impávida o observa e aguarda. Abre uma capa de cartolina e começa.