- Como se chama?
- Maria Eugénia Almeida Valadares.
- Onde reside?
- Na rua Elias Garcia, nº 28, 3º.
- Quantos anos tem?
- Sessenta e dois.
- Qual a sua profissão?
- Não tenho profissão.
- Diga-me, então, Maria Eugénia, o que aconteceu?
- Matei o meu marido.
- Houve alguma discussão?
- Não.
- Como o fez?
- Com uma faca de cozinha. Espetei-lhe a faca.
- Porque o fez?
- Porque ele me abrigava a fazer coisas que eu já não era capaz de fazer.
- Como por exemplo?
- Prefiro não lhe responder.
- O que é que fez depois?
- Depois?
- Sim, depois de matar o seu marido?
- Lavei as mãos, penteei-me, saí para a rua, passei pela igreja, onde me confessei, e vim para aqui.
- Não fez nada ao corpo?
- Não.
- E não telefonou a ninguém?
- Também não.
- Já mandámos dois homens a sua casa e sabe que mais?
- Não.
- Não encontrámos corpo nenhum, nem qualquer outro vestígio de ali ter sido morto alguém.
- É estranho.
- Porquê?
- Porque o Alberto gritou bastante quando lhe dei a primeira facada. Tive que lhe espetar a faca várias vezes até que se calasse.