2006/10/03

Alma

Aconteceu o que temia há muito. Fiquei com o salto preso na calçada. Corri, coxeando, ao sapateiro. “Só lhos posso entregar amanhã. É que a menina partiu a alma do sapato!”, disse ele, arregalando-me os olhos. Encolhi-me. Envergonhei-me. Coisa feia de se partir. A alma. Não se parte o coração nem a alma a ninguém. Muito menos a uns sapatos pretos clássicos, nossos amigos, tão disponíveis, que ficam bem com qualquer trapo.