Casas altas, estreitas, geminadas, pintadas de cor, amarelo canário, amarelo torrado, grená, verde água, azul petróleo, cor-de-laranja, uma das casas tem uma varanda cheia de lixo, entre o amontoado de coisas vejo um guarda sol de ramagens largas, desbotado, as granjinhas já amarelecidas e o cabo e as varetas sarapintados de manchas de ferrugem. Lá em baixo um rio nevoento corre, agitado, águas turvas, geladas, roçagam o musgo das margens, por cima do rio, a atravessá-lo, uma ponte romana, alta, muito alta, de pedras esboroadas pelo tempo. Eu a olhar para as casas e para o rio, a achá-lo tão bonito, na sua imensa escuridão, a perceber, pela estranha quietude que por ali paira, que estou completamente só.
(Os sonhos, os que fazem as minhas noites, adormecem dentro de mim. Também nunca me abandonam. Entopem-me as veias.)
(Os sonhos, os que fazem as minhas noites, adormecem dentro de mim. Também nunca me abandonam. Entopem-me as veias.)