2006/10/16

Volta, mi amor

Vivo numa espécie de residência universitária, cheia de gente. É uma casa de vários andares, escura e desarrumada. De repente tocam à campainha. Alguém abre a porta. É o correio. Trazem um telegrama. Vindos do andar de cima, descendo uma escada em caracol, apressados, chegam dois homens. Ambos estão nus e descalços. Apenas usam uns slips brancos. O primeiro é o Paulo Portas que corre para a porta. O segundo é o Nobre Guedes e traz um ar circunspecto. O Paulo Portas apanha o telegrama e, sofregamente, lê em voz alta. “Volta, mi amor”. Emocionado, vira-se para o Nobre Guedes e diz-lhe “Ele quer que eu volte”. O outro não lhe responde. Voltam a subir as escadas em caracol. Devem ir falar das suas vidas. O amor é uma coisa complicada. Pode-se amar muita gente, ao mesmo tempo, de maneiras diferentes. Entretanto, saio com a directora da residência que me levará à cidade. É a Maria João Avilez. Guia um Nissan Micra preto, veste um vison branco e tem um ar pouco simpático. (Andam baralhados, os meus sonhos. Deste não tiro nada.)