Sou Ana de cabo a tenente/ Sou Ana de toda patente, das Índias/ Sou Ana do oriente, ocidente, acidente, gelada/ Sou Ana, obrigada/ Até amanhã, sou Ana/ Do cabo, do raso, do rabo, dos ratos/ Sou Ana de Amsterdam.
2013/03/29
2013/03/05
Joaquim
Lembro-me de te falar ao ouvido. Vou cuidar
de ti. Até seres velho. Não sei como se faz, mas vou ser imortal, como os
deuses, para nunca te deixar só. Vou ter muitos filhos. Até as minhas entranhas
se cansarem e apodrecerem com cheiro de limão e manchas de bolor. Vou educar
essas crias cegas para serem a tua bengala e o teu amparo. Repeti as mesmas
palavras vezes sem conta enquanto te embalava. Meu amor. Até que as esvaziei.
Tirei-lhes o sentido. Ficaram as palavras mortas, rotas, uns fiapos de espuma,
pendurados no vazio. Quando não esperava, entrei-te pelos olhos dentro. Deixei
de ser invisível. Senti o corpo quente. Inchei como um balão de feira. Era um
deus louco e caprichoso que me soprava para dentro. Achei, pela segunda vez na
vida, que podia ser feliz.
Subscribe to:
Posts (Atom)