Enquanto tricoto o cachecol da M., vejo um dos poucos programas de televisão que procuro ver todas as semanas: “Estes Difíceis Amores”, com a Gabriela Moita e o Júlio Machado Vaz. Gosto mais dela do que dele. Primeiro porque é mulher e, nestas coisas do sexo, como noutras coisas, sou assumidamente preconceituosa. Desconfio sempre dos homens. Não lhes reconheço competência para determinados assuntos. Acho impossível que um homem, ainda que psicólogo, psiquiatra, sexólogo, compreenda os sentimentos das mulheres. Nunca na minha vida consultaria um psicólogo ou um psiquiatra homem. Muito menos, um sexólogo homem. Depois, irrita-me a maneira como ele, Júlio Machado Vaz, fala. Não é que o que ele tem para dizer não me interesse. O que eu não gosto é a forma como o homem se expressa. Gosto do conteúdo, não da forma. O corpo enterrado no sofá, os olhos semi-cerrados, as pálpebras a fecharem-se lentamente, sempre a fazer citações, a chamar à colação autores, escritores, cantores, pintores e o diabo a quatro. Não tolero aquele registo aparentemente despreocupado. O cabelinho grisalho, meio comprido, provoca-me arrepios. Um homem deve usar o cabelo curto e limpo. Sempre. E o pulover sem mangas da Lacoste? Não há pachorra para o invólucro daquilo que ele é. Deve ter um ego do tamanho do mundo. Nem o facto de ser um fã incondicional e assumido do Sérgio Godinho o salva.