2007/03/02

Laurinda

Gostava muito mais do Público de antanho. Por exemplo, neste, tão colorido e levezinho, não encontro os anúncios eróticos. Eu bem os procuro, entre suplementos, e nada. Depois, gostava que me explicassem, por que razão sou obrigada a levar com a Laurinda Alves à sexta-feira. O que é que eu tenho a ver com a Gracinda que a Larinda encontrou no recinto do santuário de Fátima e que, entre orações e devoções, lhe disse “gosto tanto, tanto, tanto, tanto, tanto de si!” Li aquilo e imaginei logo uma cena de engate entre a Laurinda e a Gracinda ao pé da capelinha das aparições. Depois fala das óperas a que assiste no São Carlos e tece elogios rasgados ao novo hospital da Luz. Tivesse a Laurinda bom senso e calar-se-ia com estas miudezas. Como ela bem sabe, o hospital da Luz, com as mordomias próprias dos mais caros hotéis, servirá apenas aqueles que o puderem pagar. Não faz mal que assim seja. O que chateia é que uma beata como a Laurinda, na sua coluna, se limite a falar dos que têm tudo e esqueça os que nada têm.