2007/08/03

Theo (2)

Theo van Gogh foi capaz de denunciar o que se passa com as mulheres islâmicas. Fê-lo com uma mulher que, sendo muçulmana, se recusou a fechar os olhos perante a opressão a que as restantes são sujeitas. Este homem e esta mulher fizeram mais pelos direitos das mulheres do que as activistas de esquerda que, invocando tais direitos, se preocupam apenas, de uma maneira quase histérica, consigo próprias, com as suas barrigas, com a questão do aborto. Estas activistas, ululantes, detentoras de dois ou três neurónios, estão-se literalmente nas tintas para os direitos das mulheres islâmicas. Nunca vi nenhuma levantar a voz contra a obrigação de uma mulher usar um véu a cobrir-lhe o rosto. Assim como nunca vi nenhuma preocupada com esse ritual macabro, tribal, primitivo, inadmissível, indizível que é a excisão do clítoris feminino. Pelo contrário, estas mulheres enleiam-se no politicamente correcto e arranjam fundamentos antropológicos, culturais, para justificar o injustificável. Admitem a utilização do véu e a excisão do clítoris e falam, a propósito de tais práticas, em liberdade cultural e liberdade religiosa. Eu estou-me a borrifar para os sociólogos, para os antropólogos, para as justificações históricas e culturais. Reclamo para estas mulheres exactamente os mesmos direitos que reclamo para mim. Nem que isso signifique ter de deitar para o caixote do lixo, pela pia abaixo, uma cultura milenar, séculos de tradições.