A parola genuína vai ao cinema com o parolo genuíno para ver os filmes do Van Damme. Os filmes preferidos da parola encoberta são aquelas imbecilidades insuportáveis, tipo “Chocolate”, com a Juliette Binoche. O marido da parola genuína veste-se de fato de treino durante o fim–de-semana. A parola encoberta exige que o marido, durante o fim de semana, use camisinhas às riscas, calça vincada de sarja, creme ou azul-escuro. A parola genuína não tem educação. Não completou sequer o ensino básico. A parola encoberta estudou. É quase sempre licenciada. Por vezes, tem uma pós-graduação ou um curso de especialização, tirado numa universidade privada qualquer. Algumas parolas encobertas têm mesmo mestrados e doutoramentos feitos em Badajoz. Olé. A parola genuína acha que a Zara e a Mango são boas marcas de roupa. A parola encoberta sonha trocar as lojas dos centros comerciais pelas lojas de marca da Avenida da Liberdade. A parola genuína come de boca aberta, arrota e mastiga com vigor. A parola encoberta come direitinha, como se tivesse sido empalada, e limpa os beicinhos com a ponta do guardanapo de papel que coloca no colo. O sonho da parola genuína é ser uma parola encoberta. O sonho da parola encoberta é ser igual à Bárbara Guimarães.