2013/01/04

Agra


Escrevo no átrio do hotel Agra Mahal, pardieiro imundo, a banheira cheia de sujidade, os lençóis puídos, húmidos, rasgados, com nódoas dos clientes anteriores. Há um altar a Hanuman, o deus macaco, outro a Ganesh, o deus elefante, um grande lustre de pingentes vermelhos ao cimo da escadaria. Cheira a incenso e o empregado do hotel sobe e desce as escadas com ferramentas ferrugentas nas mãos. Parece haver sempre qualquer coisa para arranjar neste lugar. Está sentado ao meu lado o filho do dono do hotel, um menino de três anos que cheira a sementes de anis e a pó de talco. Tem uns olhitos muito redondos e doces. Corre para o balcão da recepção, dá uma gargalhada e vem numa corrida enterrar-se no meu colo. Fala em hindi, não percebo uma palavra do que diz, faço-lhe festas no nariz, ele volta a rir. Tenho saudades dos meus filhos.