Às
vezes, a meio da noite, ia buscá-la à cama do filho e obrigava-a a voltar ao
quarto. Não te faço nada, dizia calmamente, mas vens dormir na nossa cama. E
puxava-a pelo braço. Como se fosse uma cadela, uma escrava, uma demente sem
vontade própria. O filho cobria a cabeça com o edredão para não escutar o
que vinha a seguir: Aninhas tentava libertar-se, gritava muito alto, mordia os
braços até os ver sangrar, batia com a cabeça nas paredes, rasgava a roupa do
corpo e, assim, nua, tentava fugir para a rua. Com o tempo, porém,
acabou por desistir da loucura. Isso custou–lhe mais do que o resto.
Passou a ser obediente: percorria o corredor em silêncio, olhos caídos no chão,
voltava ao quarto e deitava-se ao lado do dono.