2007/10/19

Almeria

Não há terra mais feia em Estanha do que a de Almeria. As estufas cobrem mais de 25 mil hectares. Estendem-se por planícies, invadem os vales, trepam as montanhas, roubam terras ao mar. Os peublos são feios, carrancudos e as lojas foram substituídas por bancos. As auto-estradas de Almeria nunca descansam, nem às horas mais tardias. É preciso escoar o produto. Os camionistas cruzam-se com cartazes gigantes que mostram mulheres loiras, mui guapas, comendo meloas rosadas que têm corações de doçura. Nos cruzamentos de Almeria, cachos de homens magrebinos esperam que alguém lhes ofereça um dia de trabalho. Em Almeria vive o pastor mais triste do mundo. Os pimentos de Almeria são verdes, amarelos, vermelhos e laranja. Os tomates são repolhudos, excessivos, fazem lembrar os frades gulosos das histórias antigas. As tulipas e as coroas imperiais crescem em carreirinhos ordenados, tão lindas, orvalhadas de pesticidas e insecticidas. Almeria era uma terra muito pobre. Agora é uma terra rica em escravos.