2007/10/03

Nojo

Uma colega perguntou-me, há tempos, se conhecia um bom dentista para miúdos. Dei-lhe indicação do médico que trata da boca dos meus filhos. Ela marcou uma consulta para a filha de cinco anos. Hoje, em conversa, perto da máquina dos cafés, já não sei a que propósito, voltei a gabar o médico. Avisei-a que não lhe estranhasse os modos, era um homem muito feminino, uma borboleta delicada, com infinita paciência para as lamechices das criancinhas. A minha colega quase que se engasgou com o capucino de fingimento que a máquina lhe depositara nas mãos. Perguntou-me se o médico era homossexual. Expliquei-lhe que não sabia, mas que já o encontrara no teatro duas vezes com um homem que parecia ser o seu companheiro. A minha colega soltou um espontâneo “ai, que nojo!”, depois disse que ia desmarcar a consulta. Tive pena da minha colega. Deve ser profundamente triste ser-se assim.