Mal dava por mim, combalida, a dar uma tossidela mais profunda, um cof-cof-cof prolongado, corria a pedir à minha mãe que o fizesse. Ela acedia. Começava por lavar muito bem uma laranja. Com um garfo ou uma faca, perfurava-a em vários sítios. Depois de estropiado, colocava o fruto dentro de um tacho pequeno. Adicionava-lhe de seguida uma cerveja preta e várias colheres de açúcar. Levava aquela mistela ao lume. Deixava, depois, o preparado ferver durante longos minutos até que ganhasse a consistência de um caramelo líquido. E, assim, em pouco tempo, estava pronto o xarope caseiro. O tal que nos aliviaria das tosses cavernosas, da expectoração incomodativa, interminável, que nos enchia os pulmões, os brônquios, os bronquíolos, a traqueia e todos os restantes órgãos do sistema respiratório de um muco esverdeado e pegajoso.