2006/08/28

Algarve

Durante as férias fui assolada por um ataque agudo de imbecilidade e deixei o meu Alentejo sossegado de colinas pequeninas para passar uns dias no Algarve. Ao terceiro dia fugi. Abalei. Só sosseguei quando voltei a ver planícies, sobreiros, casas caiadas de branco. Quando voltei a apanhar figos nas árvores velhas da estação. Quando vi os miúdos, descalços, em pijama, correr a casa da prima Laura, a buscar pimentos, cebolas, tomates e coentros para o almoço. Quando dei com eles a arrancar as flores da minha mãe para plantar espinafres, couves tronchudas e alfaces. Durante o tempo em que agonizei no Algarve lembrei-me de um texto que escrevi a propósito de um outro assunto e que acima edito (chama-se "As cabras capadas" e é, desculpai-me a modéstia, uma pérola do insulto gratuito). É que, para além do resto, que já é mau, péssimo mesmo, o Algarve está cheiinho de cabras capadas e de outras que, o não sendo, deveriam ser submetidas a um programa de esterilização para não deixarem descendência. Não posso com o Algarve. Uma amendoeira, árvore tristonha a fazer lembrar princesas níveas e lacrimosas, tem lá comparação com um sobreiro?!