2006/08/04

Birkenstock

Minha querida Ana Maria, sei que estás a banhos em parte incerta e que, por isso, não lerás estas linhas que te escrevo. Levada pelo teu entusiasmo, fui ao Saldanha buscar umas Birkenstock. Segui o teu conselho e comprei umas vermelhas. São giras. Sinto-me uma Helga ou uma Petra. Com as minhas Birkenstock, os anti depressivos, os ansiolíticos, o Fidel moribundo (dá-me sempre alento a morte de um ditador) , os contos de Puchkine e Gogol (deu-me para os russos, como escrevem bem…), estou preparada para passar três semanas de férias em família, três semanas a dormir na mesma cama que o meu marido, três semanas a fugir-lhe noite após noite. Nem sabes o cansaço que é! Acabo as férias extenuada de tanto lhe fugir. Já lhe expliquei, olha vamos juntos de férias, é melhor para os miúdos, mas estás proibido de me tocar. Já sei que vai fazer ouvidos de mercador e entumecer amiúde. É uma chatice. Portanto, as Birkenstock servirão, não só para dar descanso aos meus pés e deleitar os meus olhos, mas também para lhas atirar à cara quando se armar em esposo amantíssimo. A culpa é tua. Adeus. A ver se jantamos em Setembro. Temos muito que falar.