2007/02/12

Âmbar

Fui à Gulbenkian ver o “Sentimento”, do Visconti. Não sei se gostei do filme ou não. Gostei? Há demasiada humilhação naquela mulher, demasiada estupidez e loucura. Tenho vontade de a esbofetear. O amor dela agonia-me. Mas há detalhes, palavras, planos que, de tão intensos, nos ferem e maravilham. Como, por exemplo, o plano que se vê depois de Lívia finalmente ceder à prosápia de Franz e lhe franquear a sua cama. É um plano sóbrio - porventura, dispensável -, que mostra apenas a luz de um candeeiro que se apaga. Nesse plano vi a noite tornar o amarelo e o âmbar em violeta e azul. Nunca a escuridão me assustou tanto.