2006/10/19

Fêmea-tigre

A fêmea-tigre chegou. Vem com o marido comprador de arte. Hoje usa uns calções de flanela grossa e branca. Muito curtos, com uns berloques dourados, que estão ali a fazer sei lá o quê. Como é costume tem uns saltos de dez centímetros. Desta vez imitam pele de leopardo e têm umas plumas pretas esvoaçantes. Usa uma camisa de seda verde, muito brilhante, com um decote obsceno. Tem as mamas à mostra. Literalmente. A única coisa que não se vê é o biquinho do mamilo. Não se vê, mas adivinha-se, pequenino, à espera de ser devidamente mordiscado pelo marido comprador de arte. Não consigo tirar os olhos daquelas mamas. Não que as mamas em si mesmo me interessem. A frigidez., a minha, já está num nível em que nada me estimula, o que é triste, sem ser angustiante, porque, em pequena, bastava-me olhar para a maya desnuda para empalidecer de êxtase. Agora é uma desgraça. O que me perturba é a exposição pública daquelas mamas numa festa de família. É anti-social. O meu filho está mesmo ali perto. E se o miúdo topa com aquele mamalhame acéfalo, mas magnifico? Pode ficar traumatizado e pensar que as mulheres são todas assim. Ainda bem que ele está a ver a bola.