2006/07/24

Bruxas

Perto, no meio dos arbustos, a fotografia de um homem jovem está presa num ramo. Tem um ar larvar. Sorri. Faltam-lhe vários dentes. Uma larva gorda. Devia estar protegido, dentro de um casulo. Estás lixado, penso, lixadíssimo. Uma mulher que recorre a feitiçarias para prender um homem-larva-desdentado é capaz de fazer coisas bem piores. As bruxas passaram por aqui. Não há dúvida que passaram. Devem ter vindo do Pragal, do Lazarim, da Sobreda, dessas terras feias que fazem a outra banda. As bruxas que aqui estiveram, desconfio, vieram da Cova da Piedade e deviam ser loiras oxigenadas ou madeixentas (tenho embirração, grande, por loiras de pechisbeque.) Mas, agora, já se foram embora. E a mata descansa. Sibila melodias simples. Só se ouve o vento nas copas das árvores e as gargalhadas dos meninos que, já longe de mim, correm pela mata. Aliviados por terem esvaziado as suas bexigas pequeninas. As cacarias das bruxas hão-de ser inundadas pelos riozinhos de mijo dos meninos e das meninas da sala da minha filha.