2006/07/03

Manara

A livraria do costume está a fazer uma promoção de livros de banda desenhada. Eu não leio banda desenhada. Não gosto. Mas gosto de promoções. É o sangue indiano que me corre nas veias. Por isso fui espreitar as pilhas de livros que se amontoavam num canto. Estavam lá aqueles nomes todos que os entendidos em BD apreciam: Moebius, Pratt, Tardi, Miguelanxo Prado e outros que desconheço em absoluto. Estava quase a ir-me embora quando dei de caras com uma resma de álbuns do Milo Manara. Há já algum tempo que tenho curiosidade em conhecer os desenhos do dito Manara, provocatórios, pornográficos, indecentes. Decidi trazer um álbum que se chama a Metamorfose de Lucius, uma adaptação do Asno de Ouro que Apuleio escreveu no século terceiro. Sempre é uma coisa mais elevada, quase literária. Ontem à noite resolvi lê-lo. Mais coisa menos coisa, relata as cópulas entre uma mulher voluptuosa e um asno dotado de um enorme poder de sedução. Dotado também de um pénis gingante, capaz de provocar um êxtase prolongado e miríades de orgasmos. Quase me faltou o ar. Até deixei de bocejar, eu que, à conta dos medicamentos que tomo, passo o dia a bocejar. Aquilo é uma pouca vergonha. Das grandes. Hoje vou comprar os outros que para lá há, os Kamasutras, os Clics 1, 2 e3. Só tenho que os esconder bem para o João, e os amigos do João, que volta e meia viram a casa do avesso, não darem com eles.